domingo, 11 de dezembro de 2016

Delator cita caixa dois para Pezão, Paes, Lindbergh e Garotinho

Delator da Odebrecht cita caixa dois para Pezão, Paes, Lindbergh e Garotinho


SÃO PAULO - A delação premiada de Leandro Azevedo, superintendente da Odebrecht no Rio, envolve os nomes das principais lideranças políticas do estado. Segundo a revista “Veja”, ele detalhou doações de caixa dois para o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), o prefeito Eduardo Paes (PMDB), o senador Lindbergh Farias (PT) e para o ex-governador Anthony Garotinho e sua mulher, Rosinha, ambos do PR.

De acordo com a publicação, Pezão teria recebido R$ 23,6 milhões em espécie e 800 mil euros no exterior durante a campanha de 2014. Em troca, diz a “Veja”, o governador ajudaria na liberação de verbas para a empreiteira. “Os pagamentos em dinheiro vivo foram feitos na Prole, do marqueteiro Renato Pereira. A conta no exterior, no Banif, também era da agência”, revela a revista.
Em relação ao prefeito Eduardo Paes, o esquema seria parecido. A entrega do dinheiro também teria sido feita na sede da Prole, de acordo com a delação de Azevedo. Já os depósitos no exterior, nas agências do Banif e do J.P. Morgan. Os valores revelados pelo delator apontam que a campanha de Paes recebera R$ 11,6 milhões no Brasil e US$ 5,7 milhões no exterior.
Já o senador Lindbergh, apontado por Azevedo pelo codinome Feio, teria recebido R$ 3,2 milhões na forma de caixa dois em suas campanhas. O dinheiro seria entregue no escritório de campanha dele no Rio à época e serviria para pagar dívidas de campanha com o marqueteiro Carlos Rayel.
Azevedo contou também que Garotinho e sua mulher, Rosinha, teriam recebido R$ 9,5 milhões em três eleições. Os pagamentos, disse o delator, teriam acontecido no escritório do ex-governador.
“Ele mesmo reclamava quando (os pagamentos) atrasavam”, diz a revista, citando trecho da delação de Azevedo.
Por meio de sua assessoria, o governador Luiz Fernando Pezão disse que não comentaria informações vazadas e declarações consideradas por ele “seletivas”. Todas as doações de campanha, segundo a assessoria, foram aprovadas pela Justiça Eleitoral.
Também por intermédio de sua assessoria, o prefeito Eduardo Paes informou que não comentaria informações baseadas em vazamentos de supostas delações não homologadas. “De qualquer maneira, ele nega que tenha praticado ou autorizado qualquer ato ilegal para arrecadação de fundos da sua campanha à reeleição em 2012”, diz a nota, enfatizando ainda que “todas as doações foram oficiais, feitas dentro da lei e suas contas de campanha foram aprovadas pela Justiça Eleitoral”.
Em artigo publicado em seu blog, o ex-governador Anthony Garotinho, que teve a prisão revogada pela Justiça, provocou o delator a provar em que banco e qual o número da conta que ele teria feito os tais depósitos. “Delação premiada não pode nem deve servir para cobranças de faturas de obras onde existam divergência entre as partes, muito menos para vingança. Para isso existem as esferas competentes”, diz ele, demonstrando indignação com as novas denúncias.


“Entendo o momento difícil que a empresa vive, assim como as demais empresas envolvidas em denúncias de corrupção. Mas querer me comparar a Sérgio Cabral ou outros políticos que usam o governo para enriquecimento pessoal não é justo, nem muito menos verdadeiro”, diz ele. A revista, no entanto, não faz menção a Cabral na delação de Azevedo.
O senador Lindbergh Farias, em nota enviada por sua asessoria, disse que tomou conhecimento da “suposta delação”, mas que a desconhece e, portanto, não tem como respondê-la. Ele reforça que todas as suas campanhas tiveram contas aprovadas pela Justiça Eleitoral e que, “recentemente, a Polícia Federal solicitou o arquivamento da investigação aberta após citação semelhante. Tenho a consciência tranquila, não tenho o que temer.”
Renato Pereira, da agência Prole, também não foi encontrado para falar sobre o dinheiro negociado na empresa.

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