sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Vereador vai ao CNJ contra juiz envolvido em confusão com bombeiro

Magistrado será investigado pela Corregedoria Geral da Justiça por conta de briga dentro do Posto 9

ADRIANA CRUZ E THIAGO ANTUNES
Rio - A confusão envolvendo um magistrado e um bombeiro no Posto 9, em Ipanema, Zona Sul do Rio, ganhou novos contornos. O vereador Marcio Garcia (PR), vai entrar com uma representação no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) contra o juiz Bruno Monteiro Ruliere, da 1ª Vara de Saquarema, acusado de ofender o sargento André Fernarreti, dentro do posto de guarda-vidas, no último domingo.
"Queremos isenção na apuração, sem a influência do juiz e do pai dele desembargador. O juiz, assim como qualquer outro servidor público, tem um compromisso com a sociedade. Ele também é obrigado a cumprir leis como todos nós. Nós queremos um juiz que anda embriagado pela rua, criando confusão? O comportamento dele foi degradante e muito aquém do que a sociedade espera", disse Garcia, que preside a Comissão de Defesa Civil da Câmara dos Vereadores.
Vídeo:  Vereador vai ao CNJ contra conduta de juiz
Ruliere vai ter que prestar contas na Corregedoria da Justiça. O órgão instaurou sindicância para apurar o fato e o magistrado e o militar serão convocados a prestar esclarecimentos. O caso foi registrado como desacato e lesão corporal na 14ª DP (Leblon) onde nove testemunhas prestaram depoimento e enviado ao 4º Juizado Especial Criminal.
Segundo o advogado do bombeiro, Carlos Azeredo, a confusão se iniciou com duas pessoas que estavam na fila do posto. "A namorada de um dos amigos do juiz queria usar o banheiro e os funcionários estavam limpando o local. Tempos depois, ela voltou com o namorado, que sugestionou os funcionários e, depois, com o juiz. O magistrado faltou com respeito a todos, inclusive com palavras de baixo calão", disse Azeredo.
Vídeo:  Advogado diz que magistrado estava descontrolado
Ainda de acordo com a defesa do militar, há relatos de que o juiz estaria alcoolizado. “Ele tentou dar uma cabeçada no meu cliente. O magistrado estava descontrolado e exigiu até que o bombeiro fosse algemado. Por sorte não aconteceu em função do bom-senso dos policiais militares”, alegou Azeredo.
Segundo o Corpo de Bombeiros nenhum procedimento administrativo disciplinar foi aberto contra Fernarreti. O órgão explicou que tanto o desacato quanto a lesão corporação são crimes que tramitam na justiça comum. Procurado, o magistrado afirmou, através da assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça, que não se pronunciaria.
Entenda o caso
A confusão entre o magistrado e o sargento bombeiro começou na noite do dia 6 e câmeras do local captaram as cenas. As imagens, sem aúdio, mostram Ruliere entrando no posto 9 com mais dois amigos. O motivo seria porque a namorada de Fábio Pastor, um dos que acompanham o juiz, teria sido impedida de entrar no local por uma funcionária. Após o trio cercar uma das funcionárias, uma delas chama os guarda-vidas.
Uma nova discussão tem início entre Fernarreti e Ruliere, este aparentando estar exaltado. Quando o guarda-vidas sobe as escadas, o magistrado vai atrás e o encara. Logo depois, Fernarreti desfere dois socos em Ruliere, que desce as escadas e sai do posto, retornando segundos mais tarde e subindo a escada novamente.
Vídeo:  Confusão entre juiz e sargento
"O juiz estava agindo ali com abuso e além do limite de suas responsabilidades", disse o vereador Marcio Garcia (PR), que presta assessoria jurídica aos bombeiros no caso. "Estou acompanhando tudo para garantir que eles tenham o direito de se defender e evitar que ele (Ruliere) tenha algum privilégio, pois é filho de um desembargador. Tentaram arrastar uma das funcionárias e os guarda-vidas foram ver o que estava acontecendo. Não é porque alguém é juiz que pode arrumar briga com todo mundo", relatou Garcia ao DIA .
O magistrado relatou, em depoimento, que foi impedido de entrar no posto pelos funcionários e se identificou como juiz. Após a confusão com o sargento, Ruliere deu-lhe voz de prisão e acionou dois policiais militares. Segundo ele, André ainda lhe desferiu outro soco pois não queria ir para a delegacia. André informou aos policiais ter sido ofendido diversas vezes pelo magistrado que, irritadiço, o mandou se f#% e ainda tentou lhe dar uma cabeçada

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